O uso pedagógico da Sala de Informática da escola


Desde o início da década de noventa alguns governos vêm investindo continuamente no aparelhamento das escolas públicas com a implantação de Salas de Informática, também chamadas de Laboratórios de Informática dentre outras denominações. No mesmo período as escolas particulares também começaram a investir pesadamente na montagem dessas salas e em equipamentos de multimídia, como datashows e telões.

A partir do início dessa década, lá por 2002, muitas escolas já dispunham dessas salas e de um histórico de uso das mesmas, quase sempre ruim. Agora, no final dessa primeira década, já temos condições de fazer um bom balanço desse processo e dos resultados advindos dele. E o balanço é bastante negativo.

A implantação de Salas de Informática nas escolas se baseou, na maioria das vezes, no pressuposto errado de que “faltava apenas o computador” para que o processo de modernização das escolas e do ensino se desse de forma natural, como se isso fosse um processo simples e automático. Além disso, como nossos gestores políticos entendem muito pouco de educação, mas adoram fazer “investimentos”, as Salas de Informática configuraram-se como uma ótima oportunidade para se gastar o dinheiro público com reformas e equipamentos, mas sem uma preocupação verdadeiramente pedagógica por trás do investimento.

Quebrando computadoresAinda no início da década passada já encontrávamos diversas escolas onde esses computadores estavam quebrados, desatualizados, sucateados e sem nenhuma manutenção. Agora, já praticamente fechando a primeira década do terceiro milênio, a situação continua muito parecida em muitos lugares. Computadores que custaram caro, pois o poder público é expert em gastar mal o nosso dinheiro, continuam depreciando em centenas de escola sem nenhum uso por parte dos alunos. Sobre a depreciação desses computadores e a necessidade econômica (além de pedagógica) de seu uso, veja o artigo “Quebrando computadores“, escrito originalmente no início de 2005 e republicado aqui nesse blog em 2008.

Paralelamente à falta de inteligência dos gestores públicos, vimos uma generalizada falta de vontade de educadores que resistiram bravamente ao uso dos computadores, mesmo quando estes estavam em plenas condições de serem usados. Sob argumentos que iam do “não preciso disso” até o “não sei como usar”, foram poucos os professores que se dispuseram a aprender a usar os computadores de forma pedagógica ou mesmo a repensar suas práticas pedagógicas diante da necessidade de inserir seus alunos no universo digital onde eles, os alunos, e o próprio professor, já vivem há muito tempo.

Agora, passadas duas décadas desde o início desse processo de inserção das novas tecnologias na escola, já não faz mais nenhum sentido discutir se vale ou não a pena usar os computadores, a internet e as TICs de forma geral. O mundo, independentemente da falta de vontade de alguns professores e da má vontade da maioria dos políticos, já definiu que não poderá continuar existindo sem essas novas tecnologias. É simplesmente impossível conceber um mundo e uma escola sem essas tecnologias, a menos que se faça a opção por uma vida eremita.

Nesse contexto, o uso da Sala de Informática deixa de ser uma possibilidade a mais e passa a ser uma necessidade que se impõe tão fortemente quanto a necessidade da lousa e do giz, que ainda existirão por um bom tempo. Mas como promover esse uso?

Este artigo não pretende justificar a necessidade de se usar os computadores e a Sala de Informática, mas ao invés disso pretende apontar algumas possibilidades de uso desse ambiente de maneira que  o professor,  mesmo aquele que ainda não se sente seguro para desenvolver atividades diretamente na Sala de Informática, possa dar aos seus alunos alguma possibilidade de usá-la, independentemente dele usá-la também, se for o caso.

Pré-condições mínimas para o uso da Sala de Informática

Não faz sentido falar em uso da Sala de Informática se a escola não dispuser de, pelo menos, alguns requisitos básicos que permitam esse uso:

  1. A Sala de Informática deve se encontrar em condições físicas de uso (possuir mobiliário adequado, instalação elétrica compatível, etc.) e, pelo menos, um computador funcionando, podendo ou não estar conectada à internet;
  2. Os alunos devem ter acesso permitido à Sala de Informática no contraturno do período em que estudam e não apenas no período de suas aulas;
  3. Deve haver um conjunto de regras de uso da Sala de Informática, visível na própria Sala de Informática, e previamente apresentado, discutido e acordado com os alunos;
  4. Se a escola não tiver um funcionário que possa cuidar do acesso à Sala de Informática, deve ser montada uma equipe de alunos monitores que se encarregarão dessa tarefa;
  5. A escola deve possuir alguma forma de garantir a manutenção de software (configuração dos computadores) e, preferencialmente, também deve possuir alguma manutenção de hardware e condições de substituir peças que podem se estragar naturalmente, como mouses e teclados.

Uma boa Sala de Informática deveria ter em torno de 40 computadores conectados à internet por banda larga de pelo menos 4 Mb, possuir periféricos (como impressoras, scanners, fones de ouvido e webcan) e um datashow ou uma lousa digital. Porém, não é necessário que se tenha uma Sala de Informática como essa para que se possa fazer um algum uso pedagógico dela, pois mesmo com as pré-condições mínimas descritas acima é possível usar a Sala de Informática em diversas situações.

Pós-condições mínimas para o uso da Sala de Informática

Havendo uma Sala de Informática que atenda esses requisitos mínimos, falta agora saber se há na escola ao menos um professor disposto a cumprir seu papel de educador e não apenas o seu compromisso de “dadador de aulas”. Na verdade todos os educadores deveriam ter uma preocupação razoável com a inserção de seus alunos no mundo tecnológico onde se encontram, mesmo que esses mesmos professores já tenham jogado a toalha no que diz respeito à sua própria capacidade de continuar aprendendo.

Um único professor, que seja, que proponha ou execute atividades para as quais o computador seja uma ferramenta, já possibilita o uso da Sala de Informática de forma pedagógica. Um grupo de cinco professores fazendo uso intensivo das TICs já satura a capacidade da Sala de Informática. Portanto não é preciso convencer aquele professor que só está preocupado em contar os dias para a sua aposentadoria ou aquele outro que dá 60 aulas semanais em cinco escolas e se diz sem tempo para fazer outra coisa que não seja escrever na lousa.

Usando a Sala de Informática sem nunca entrar nela

Desde que a escola disponha de uma estrutura que permita o acesso dos alunos à Sala de Informática no contraturno (por meio de um funcionário encarregado de disponibilizá-la ou mesmo de um grupo de alunos monitores) é sempre possível propor atividades para os alunos com o uso dos computadores, mesmo que o professor se sinta constrangido em adentrar a um ambiente onde ele é, muitas vezes, o mais ignorante dos presentes.

Todas as atividades listadas abaixo podem ser realizadas pelos alunos sem a necessidade de um professor que os acompanhe:

  • Pesquisa na internet: os alunos já fazem pesquisas na internet quando seus professores lhes pedem “trabalhos”. O fato de muitos deles devolverem trabalhos que são meramente cópias descaradas de sites, ou mesmo trabalhos já publicados na internet, depende muito mais da incapacidade do professor em propor uma boa pesquisa do que da disponibilidade de sites e trabalhos prontos na internet ou da “desonestidade” dos alunos. Para propor uma boa pesquisa o professor não precisa sequer entrar na Sala de Informática, bastando apenas que ele seja realmente um professor que saiba propor pesquisas (com ou sem internet) e não um “dadador de aulas” que ao fim e ao cabo espera mesmo que o aluno lhe entregue um punhado de papel e não que ele aprenda algo com isso. Aqui mesmo nesse blog você encontrará alguns subsídios para compreender melhor o mecanismo de pesquisa na internet (veja, por exemplo, o artigo “Pesquisa escolar na Internet: Ctrl+C & Ctrl+V versus Cópia Manuscrita“) e sobre como propor boas pesquisas.
  • Digitação de textos e elaboração de apresentações: Ao invés de solicitar que os alunos criem cartazes e os pendurem nas paredes da escola, o professor pode propor que eles apresentem seus trabalhos usando um projetor multimídia (se a escola dispuser de um) ou mesmo usando uma TV com aparelho de DVD. Se o professor não faz idéia de como criar uma apresentação de slides e então apresentá-la em um datashow ou em um formato de DVD, não tem problema algum, pois seus alunos, que também não sabem, aprenderão sozinhos, mesmo que o professor não se disponha a ajudá-los a aprender ou a aprender com eles. A maioria dos alunos de hoje em dia é bem mais autônoma do que seus professores e, por isso, conseguem aprender a fazer coisas que seus professores não conseguem;
  • Uso de softwares de criação e edição de imagens, vídeos e arquivos sonoros: os alunos são capazes de ilustrar um trabalho com um vídeo produzido por eles mesmos, usando seus celulares, e posteriormente editado no computador da Sala de Informática, ou usar o mesmo celular para gravar uma entrevista e depois editá-la no computador, transcrevê-la para um documento de texto e até mesmo publicar esse documento na web. Não é preciso que o professor saiba nada disso, e mesmo se ele não quiser ou não se sentir capaz para aprender, ainda assim ele pode solicitar isso a seus alunos e certamente eles o farão, enriquecendo assim sua aprendizagem;
  • Busca e uso de materiais didáticos alternativos: a internet é uma biblioteca literalmente infinita onde os alunos podem encontrar informações e materiais didáticos sobre qualquer assunto ou disciplina. Mesmo o professor que vive limitado aos seus poucos livros, às vezes apenas um, deve ter consciência de que seu aluno obterá muito mais informação na internet do que nas suas aulas e, portanto, não deve dispensar esse recurso como fonte de informação para seus alunos. Evidentemente esperar-se-ia que um bom professor fosse capaz de indicar os melhores sites para consulta,  os links para bons materiais jornalísticos, etc., mas mesmo aquele professor que mal sabe para si mesmo ainda pode indicar de forma “genérica” que seus alunos busquem mais informações sobre os temas da aula no “Google”. O hábito de pesquisar informações e conteúdos na internet tende a se intensificar cada vez mais e em breve poderemos aposentar enfim os professores cuja única utilidade continua sendo copiar e colar na lousa os conteúdos pobres que ele dispõe de um ou dois livros didáticos apenas;
  • Aprendizagens colaborativas, redes sociais e multimeios: na Internet o aluno pode fazer amigos, discutir assuntos de seu interesse, paquerar e surfar por temas que não tem nenhuma relação com os conteúdos escolares, mas ele também pode participar de grupos de discussão, pode tirar dúvidas com professores que não se sentem “velhos, acabados e desestimulados” e que se dispõem a ajudar alunos que nem mesmo são seus. Nas redes sociais também se podem formar grupos de estudo, pode-se paquerar ou fazer a lição de casa “à distância”, pode-se matar o tempo vendo vídeos engraçados ou assistindo a experimentos e demonstrações que muitas vezes seus professores se negam a fazer por “falta de tempo ou de recursos”. Enfim, a internet também é, em muitos casos, uma escola bem mais útil para o aluno do que a velha sala de aula chata onde uma voz monótona repete parágrafos copiados de livros velhos;

Evidentemente há ainda muitas outras possibilidades para se abandonar seu aluno na Sala de Informática e, mesmo assim, conseguir dele uma melhor aprendizagem do que a que ele obtém apenas copiando aquilo que o próprio professor copia dos livros. E, evidentemente, também há riscos e problemas diversos decorrentes desse abandono. Mas é melhor deixar que seu aluno usufrua desses recursos na Sala de Informática do que privá-lo deles só porque o professor se sente incompetente para acompanhá-lo nessa jornada. Se o professor sente que “não aguenta”, que ele deixe que seu aluno vá sozinho, ao invés de puxá-lo junto consigo para as profundezas do atraso.

Usando e estando presente na Sala de Informática

Para professores que não se sentem constrangidos em aprender e que se dispõem a participar mais efetivamente do processo de ensino e aprendizagem com seus alunos, a presença na Sala de Informática poderá não apenas enriquecer, e muito, a aprendizagem dos alunos mas, principalmente, enriquecer a sua própria aprendizagem.

Ao propor uma pesquisa aos alunos e se dispor a acompanhá-los na Sala de Informática, o professor tem a oportunidade de avaliar conjuntamente a qualidade, pertinência e eficácia das informações encontradas nos vários sites pesquisados. Estando presente o professor pode interferir e redirecionar o processo, pode corrigir, acrescentar, modificar e, acima de tudo, aprender muito mais sobre o conteúdo que ele está ensinando.

Questões transversais mas de suma importância, como ética, preceitos morais e legais, regras de comunicação e convivência, cuidados com a privacidade própria e alheia, cidadania e responsabilidade, são temas presentes e recorrentes em toda navegação pela web. Quando o aluno trabalha sozinho ele tem que aprender também a lidar sozinho com essas questões, mas estando acompanhado por um professor, que se supõe poder orientá-lo nessas questões, ele poderá construir melhor seu caráter e seus valores enquanto lida com “conteúdos e comandas de trabalho”.

Além disso, estar presente com os alunos durante a atividade não significa ter a responsabilidade de saber usar os computadores, os periféricos, os softwares ou o de deter conhecimentos elaborados sobre os usos e recursos da internet. Assim como os próprios alunos, o professor será sempre um eterno aprendiz das novas tecnologias e recursos. O papel do professor na Sala de Informática não é nem nunca foi o de “ensinar informática”, mas sim e tão somente o papel que ele tem fora da Sala de Informática: o papel de atuar como professor de sua disciplina e como educador no que diz respeito à formação integral do indivíduo sob sua tutela educacional!

Levar uma classe inteira para a Sala de Informática também requer alguns desafios, mas que nada têm a ver com a informática em si, e sim com a otimização do uso dos recursos disponíveis:

  • trabalhando em grupos: é a forma mais racional de contornar a falta de equipamentos. Mesmo assim, quando não for possível agrupar os alunos em um número de até no máximo quatro por computador, divida a turma em dois ou mais blocos e enquanto um bloco utiliza os computadores (em grupos de até quatro alunos), os demais blocos realizam outras atividades que não requerem o uso do computador, alternando-se os grupos durante o espaço da aula;
  • organizando os tempos: é a forma mais racional de otimizar o uso da Sala de Informática de maneira a garantir o uso dos equipamentos por todos os alunos. As atividades realizadas na Sala de Informática com a presença do professor e da classe toda devem ser dimensionadas de maneira a permitir sua execução dentro do período da aula;
  • preparando previamente a atividade: é a forma mais racional de garantir a aprendizagem efetiva dos alunos. Assim como em uma aula tradicional, se o professor entrar na sala de aula sem um plano de aula previamente elaborado, e permitir que cada aluno faça o que bem quiser, não haverá aprendizado algum.
  • permitindo a aprendizagem colaborativa: é a forma mais racional de se obter produtividade em um ambiente onde alguns sabem mais que outros e onde o professor geralmente não é o mais capacitado para responder as perguntas específicas sobre o uso de equipamentos e softwares. Os alunos se ajudam e compartilham seu conhecimento, se sujeitam a aprenderem com os colegas e se interessam por aprender tanto quanto os mais experientes. Embarque nessa idéia!

O gerenciamento da disciplina na Sala de Informática segue os mesmos preceitos do gerenciamento em sala de aula normal quando se tem trabalhos em grupos. As regras de convivência, respeito mútuo, preservação do patrimônio público e privado, respeito aos preceitos éticos, morais e legais, devem ser as mesmas da sala de aula tradicional. Mas, se na sala de aula tradicional seus alunos sobem nas carteiras, escrevem nos tampos das mesas e atiram papéis uns nos outros, é muito provável que também o farão na Sala de Informática. De onde decorre naturalmente que, tendo equipamentos caros na Sala de Informática, não é mesmo recomendável que professores que não têm competência para administrar suas turmas as levem para esse novo ambiente (ou para qualquer outro lugar). Nesse caso a experiência mostra que a ausência do professor oferece menos riscos para o patrimônio da escola do que sua presença!

Extrapolando o uso da Sala de Informática

No cenário mais promissor temos, enfim, um professor que consegue realizar atividades com seus alunos na Sala de Informática e que propõe atividades que os alunos possam realizar nesse ambiente no contraturno, como tarefas de casa, trabalhos, pesquisas e outras possibilidades. Evidentemente os alunos também podem fazer essas atividades em suas casas, desde que disponham de computadores e acesso a internet, mas mesmo assim eles tendem a vir para a Sala de Informática para fazer algumas dessas atividades quando elas são propostas para grupos ou como parte de trabalhos multidisciplinares.

Nesse cenário, raro, mas já visível em vários locais, o professor usa os recursos da web 2.0 de forma compartilhada com seus alunos, troca e-mails com eles, bate papo no MSN, participa de comunidades do Orkut, de grupos do Yahoo e Google, mantém um blog compartilhado, usa materiais e recursos da rede e propõe atividades on-line, síncronas e assíncronas.

Para um professor nesse nível de inserção com as TICs, a Sala de Informática já deixou de ser um ambiente “extraclasse” e passou a ser uma extensão da sua sala de aula e esta, muitas vezes, já extrapolou até os muros da escola e se estendeu pela rede, na forma de EAD e comunidades virtuais de ensino e aprendizagem. Para esses professores esse artigo é, obviamente, inútil, mas para todos os outros talvez haja algo que possa ser repensado e , quem sabe, “pelo menos tentado”.

Um breve relato de estudo de caso de acesso facilitado à Sala de Informática

Em uma certa escola a Sala de Informática ficou fechada por muitos anos por falta de professores que a utilizassem com os alunos e por miopia pedagógica da gestão local que preferia mantê-la trancada para evitar “danos” do que abri-la para os alunos e permitir que, pelo menos eles, a usassem. O resultado disso foi que ao longo de meia década a sala ficou sem uso e, quando foi reaberta, por pressão de um professor que queria muito utilizá-la, seus equipamentos já estavam danificados pelo envelhecimento natural, seus softwares estavam ultrapassados e a configuração das máquinas já não era suficiente para atender às novas necessidades dos softwares.

Mesmo assim o professor abriu a Sala, recuperou os computadores, fez upgrade do hardware e dos softwares onde era possível e passou a utilizá-la. Um ano depois a gestão da escola foi trocada e a nova gestão aceitou com bons olhos o uso da Sala de Informática, mas não havia nenhum funcionário disponível para garantir o acesso dos alunos.

A solução encontrada foi criar um grupo de alunos monitores cuja função básica era a de abrir e fechar a Sala de Informática, registrar o uso dos computadores e manter a organização geral de agendamentos de uso, além, é claro, de ajudar os colegas naquilo que sabiam. Mas nenhum desses monitores tinha capacitação técnica para realmente “gerenciar” uma sala de informática ou dar suporte técnico para os demais alunos além do básico.

Nos quatro anos seguintes a Sala de Informática funcionou normalmente e não houve uma única ocorrência de vandalismo, depredação ou mesmo de mau uso dos equipamentos. Todos os defeitos apresentados nas máquinas deveram-se ao envelhecimento e ao desgaste natural, como mouses quebrados, monitores pifados, teclados com defeito ou mesmo placas de rede queimadas.

Nesse período todos os alunos utilizaram a Sala de Informática  nos períodos da manhã e da tarde, onde havia monitores, quase sempre sem a presença de algum professor ou funcionário da escola. Eles mesmos passaram a cuidar da manutenção do software das máquinas, da limpeza e conservação da sala e, alguns com conhecimentos mais técnicos, se ofereceram para pequenos consertos. Não se registrou nem mesmo um único rabisco no mobiliário.

Com o tempo mais professores passaram a usar a Sala de Informática com seus alunos, ou propondo atividades que poderiam ser potencializadas com o uso da Sala de Informática de maneira autônoma pelos alunos. Aos poucos a cultura de uso e conservação da Sala de Informática foi sendo construída e todos os mitos provenientes da ignorância e da preguiça (“os alunos são vândalos e quebrarão as máquinas”, “vão usar a sala para tudo, menos para aprender”, etc.) foram sendo abandonados diante da realidade nua e crua de que a Sala de Informática é um patrimônio da comunidade escolar e não uma caixinha de brinquedos da gestão local ou uma grande caixa de Pandora, de onde sairão todos os monstros dos pesadelos de professores descomprometidos.

Então, será que já não é tempo de quebrar esses cadeados das portas das Salas de Informática e das mentes retrógradas de alguns gestores e professores e devolvermos aos alunos o patrimônio que é verdadeiramente deles?

(*) Para citar esse artigo (ABNT, NBR 6023):

ANTONIO, José Carlos. O uso pedagógico da Sala de Informática da escola, Professor Digital, SBO, 08 maio 2010. Disponível em: <https://professordigital.wordpress.com/2010/05/08/o-uso-pedagogico-da-sala-de-informatica-da-escola/>. Acesso em: [coloque aqui a data em que você acessou esse artigo, sem o colchetes].

51 comentários sobre “O uso pedagógico da Sala de Informática da escola

  1. Olá, sou aluna do curso de Licenciatura em Computação e em pleno século XXI, ano de 2018 ainda nos deparamos com esta realidade nas escolas, docentes despreparados, salas de informática sem condições de utilização, falta de manutenção dos computadores e sem monitores nos laboratórios. Sem falar na falta de investimento em TICs para as escolas, desta forma fica difícil somente um professor querer fazer a diferença se a escola não está preparada, estruturada para isso. O que deve haver é uma preocupação coletiva, governo, escola, pais/alunos e professores engajados no uso pedagógico das tecnologias em sala de aula. Serei professora e desde já reflito esta realidade e o que posso contribuir para mudá-la.
    Seu trabalho é ótimo, fiquei um pouco perplexa com a realidade exposta, mas é a pura verdade.

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  2. Concordo que com o processo de globalização o alcance as informações digitais tornou se rotina nas vidas de r e temos que aproveitar os recursos disponíveis afim de implementar ações educativas com os meios a disposição!

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  3. Gostei das sugestões, mas creio que o laboratorio de informatica educativa pode ser usado tambem sem o uso da internet, bastantando apenas instlar programas ou aplicativos, pois como sabemos, a internet em escolas publicas é muito precaria, ate mesmo aqui em Brasilia. Quem quiser trocar informações meu email e o francisco1965@gmail.com

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    • Olá Matheus,

      Muitas coisas mudaram desde que esse artigo foi escrito originalmente, mas as salas de informática continuam subutilizadas e as escolas não mudaram muito.
      Educação é um universo onde tudo anda lentamente…

      Abraço.

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  4. Achei muito interessante esse artigo , sobre a sala de informática e o processo ensino aprendizado. Todo professor que trabalha em laboratório pode ler que vai lhe ajudar muito a melhorar o seu fazer pedagógico.Parabéns !!!

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    • Hoje a educação depende da informática, pois é uma maneira de crescimento e avanço tecnológico.

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  5. Just wish to say your article is as surprising. The clarity to your submit is just great and that i can think you’re an expert on this subject. Well with your permission let me to take hold of your feed to stay up to date with forthcoming post. Thank you one million and please keep up the gratifying work.
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  6. Gostei muito dos seus artigos, pois proporciona aos professores uma auto-avaliação sobre a sua metodologia desenvolvida entre a sala de aula e a tecnologia como método de ensino aprendizagem. Infelizmente pelo fato de muitos professores se consideram imigrantes digitais não usam essas ferramentas tecnológicas como atrativas na aprendizagem do aluno. É preciso também o professor ser consciente que não sabe tudo e que pode aprender muito com seus alunos, por isso achei muito interessante o artigo “Usando a Sala de Informática sem nunca entrar nela”, entretanto o professor tem dominar o conteúdo com criatividade e dinamismo. Parabéns por seus artigos são luzes em nossa missão educativa.
    Obrigada,
    Adriana M.B.
    aluna da PUCRS

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  7. Muito bom esse blog, pois nós estudantes de pedagogia temos uma cadeira na faculdade de Educação e TICS na Escola exatamente para inserir o uso da informatica na escola como recurso pedagogico.

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  8. Muito bom seu blog! Me fez ver o quando é importante utilizar a informática em sala de aula. Muitos vezes os professores não levam seus alunos na informática por acharem que não sabem dominar essa tecnologia e por isso não podem utilizar este meio, mas como fica claro no seu artigo, o professor não precisa saber dominar este meio, mas ele pode integrá-lo de forma prazerosa no ensino-aprendizagem.

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  9. O blog é excelente, mostra de forma clara que os professores devem estar sempre em busca de novos conhecimentos. E inserir o uso de tecnologias em sala de aula é muito bom para a aprendizagem. O professor não pode ignorar que o aluno vive a realidade da tecnologia, muito pelo contrário, deve tentar inseri-la no seu cotidiano escolar. Usando de forma correta tudo pode proporcionar um melhor aprendizado. Parabéns

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  10. Gostei muito do artigo, tb trabalho com informática, em uma sala de 40 alunos, duas aulas apenas na semana, e acho impossível levá-los todos ao laboratório de apenas 10 computadores. Em acordo com a especialista do turno, revezo, propondo atividades para a metade dos alunos desenvolverem em sala de aula (isso é possível em função da sua faixa etária, todos com mais de 18 anos), enquanto acompanho os demais em atividades no laboratório. Valeram as dicas. Vou tentar aplicá-las. Veja como é importante o compartilhamento de saberes, é a genuína aprendizagem colaborativa propiciando a transformação da prática pedagógica dos professores, rumo à integração das TICs.Obrigada. Sucesso a todos. Um grande abraço.

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  11. Este artigo é com certeza, rico em informações pertinentes sobre a utilização da sala de informática como recurso pedagógico dentro da escola. Devemos cada vez mais encorajarmos os professores a inserirem em suas atividades curriculares tais recursos.

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  12. Olá bom gostei muito do assunto colocado a todos os professores.
    Pois eu era funcionária de serviços gerais, mas ao logo dos tempo nunca parei de estudar, hoje eu tenho psicopedagogia, e fui convidada pra ser professora do laboratório de informática, só que eu só tenho o básico na informática e eu gostei muito desta sala e gostaria muito de me informar mais na sala de informática. Se tiver alguém que possa me passar algumas informação (plano e projeto) será de bom grado. Obrigada a vcs beijos.

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  13. Gostei bastante do artigo. Sou professor de Informática Educativa da Rede Municipal de São Paulo. Artigos como esse nos fazem refletir a respeito do uso consciente do laboratório de Informática.

    Profº Hervy Vicente

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  14. SOU PROFESSOR DA SALA DE INFORMÁTICA DE CIANORTE-PR.
    GOSTEI DA MATÉRIA. AQUI USAMOS 9 COMPUTADORES E 17 MONITORES LCD.
    É UM SUCESSO SÓ!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  15. Gostaria que esse artigo tivesse dados para citação bibliográfica, visto que o conteúdo é muito rico e nao há nada comparável nas bibliografias disponíveis.

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    • Olá Rogério,

      Atendendo a seu pedido (e outros que também já o fizeram) incluirei ao final dos artigos uma nota sobre como citá-los (veja novamente o final do artigo).
      Muito obrigado pela sugestão.

      Abraço,
      JC

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  16. ALUNAS: JULIANA SOUZA E THAISA PAES.
    TURMA : 1003 CN.

    ESSE TEXTO ABORDA UM ASSUNTO MUITO INTERESSANTE, POIS HOJE EM DIA, O USO PEDAGÓGICO DO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA É ESSENCIAL PARA A COMPLEMENTAÇÃO DOS CONHECIMENTOS GERAIS DOS ALUNOS E PROFESSORES, COMO UMA FORMA DINÂMICA E ELABORADA PARA SE BUSCAR OS MAIS DIVERSOS ASSUNTOS EM UM MEIO MAIS INFORMATIZADO E TECNOLÓGICO….

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  17. Maravilhoso…………esse texto deveria fazer parte dos HTPC’s, pois precisamoscolocar as TIC’s “dentro” do planejamento do professor e não mais como um recurso didático.

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    • Olá Eliana,

      Porque não aproveita então e o sugere para o HTPC da sua escola? Muitos textos deste blog são usados em oficinas de NTEs e em HTPCs, e isso me deixa muito feliz.

      Abraço,
      JC

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  18. Ótimo artigo!

    Ele possui uma linguagem clara e suscinta sobre os assuntos que rodeiam os laboratórios de informática. Acredito que aos poucos os professores, principalmente os mais antigos perderam o medo de interagir com a máquina, assim como os “novos” aprenderam a trabalhar com ela, utilizando-á e prol do aluno e de suas aulas.

    ABS

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    • Olá Edilma,

      Do lado direito da página principal, abaixo do banner do meu portal “Cantinho do Prof. JC”, você encontra um campo onde pode colcoar seu e-mail e todas as atualizações chegarão até você por e-mail. Experimente.

      Abraço,
      JC

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  19. a minha opiniao eu gostei deste asunto.
    este texto foi legal.
    foi mais o mesno est.e asunto

    mais na prossiama cola o este texto meno.
    mais fasso de ler

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    • Olá Maria das Graças!

      Do lado direito da página tem um botão com o rótulo “Seguir o blog”. É só clicar nesse botão e seguir as instruções.

      Abraço,
      JC

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  20. achei muito interessante, e gostaria de saber se posso copiar e divulgar essas idéias entre alunos e coplegas, promovendo debates, por favor veja o blog: professorvivaldomarcos.blogspot.com, e deixe comentários,
    cordialmente

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    • Olá Prof. Vivaldo,

      Visitei seu blog e gostei. Já salvei nos meus favoritos. Visite também o meu blog de física (http://fisicacomsabor.blogspot.com).

      Com relação aos artigos desse blog, veja a licença de uso. Você pode divulgá-los, usá-los e redistribui-los à vontade, bastando citar a fonte. Me conte depois se o resultado foi bom.

      Abraço,
      JC

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  21. Bom o artigo. Tenho pouca experiência no tema, mas recibo relatos de professores. Aqui na UNICAMP informática NÂO é ensinada aos futuros professores, e procuro guias básicos para passar a meus alunos, que são da Licenciatura em Física. Mas o que passo a meus alunos e aos de ensino médio que recebo para eventos (uns mil por semestre) é uma cartilha sobre o uso de programas livres. O tal de “software” livre, ou “programas de código aberto” deveria ter sido colocado no artigo. Da para fazer tudo (menos edição de vídeo, ainda) sem dispender dinheiro em firmar a dependência tecnológica nacional. E combatendo a pirataria da maneira mais eficaz. Recomendo Ubuntu, pacote que vemo com todos os programas básicos em um CD que pega pela internet, e é fácil de instalar.

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    • Olá José Joaquim,

      Fico devendo um artigo específico sobre o uso de softwares livres, mas prometo que abordarei o tema em breve. Outra alternativa interessante, e que já comentei em alguns artigos desse blog, é o uso da web 2.0 (que também é livre) e que fornece praticamente todo o instrumental de software que as escolas necessitam. Obrigado por comentar o artigo.

      Abraço,
      JC

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  22. OI!!! Olha, achei excelente seu artigo…Na minha escola temos Lab. de Informática e os alunos teem aula uma vez na semana, que acho pouco..mas ajuda…Procuro acessar sites pedagógicos, trabalhar com o Word …Eles gostam muito…Todas as turmas aproveitam muuuito as aulas de Informática( 1º ao 9º ano do Ens. Fundamenta e EJA)..E pra nos ajudar temos uma monitora e apoio da Sec. Municipal de Educação( SJCampos- SP).Bjos….

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  23. Oi JC

    Fui uma das professoras que abriu a sala de informática para trabalhar com os alunos, quando não havia ninguém para ajudar, e me vi diante de algumas situações que você apresentou aqui. Hoje não estou com turma, e “tento” coordenar o uso do laboratório adequando-o à realidade do ensino noturno, considerando sua realidade diferenciada. Concordo com quase tudo que você colocou aqui, mas faria algumas ressalvas também em função desta realidade vivenciada: o uso no contraturno, por exemplo, em uma escola que atende aos três turnos – especialmente os alunos/trabalhadores. E que em alguns casos é preciso sim “ensinar informática” para que outras aprendizagens sejam efetivadas – e aqui concordo que este ensino não cabe ao professor em sua disciplina.
    Quando escrevi anteriormente a palavra “tento”, em relação a coordenação do uso da sala de informática, fiz isso porque ao longo do período em que estou na função, houve tentativas que resultaram em acertos, mas houve também outras que apresentaram resultados cuja eficácia em relação às aprendizagens não se confirmaram.
    De qualquer forma, aqueles “5 professores” estão garantindo aos seus alunos a possibilidade de utilizar a informática para suas aprendizagens, enquanto outros – a partir destas experiências – começam a pensar em fazê-lo.
    Há muito tiro na água… mas alguns acertam o alvo!

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    • Olá Conceição,

      Excelente seu depoimento! Muito obrigado.
      Vamos ver se alguém mais contribui com outros depoimentos.
      E assim vamos construindo um conhecimento de forma colaborativa.

      Abraço,
      JC

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  24. Muito oportuna as suas reflexões acerca do uso pedagógico do computador no ambiente escolar.Lamentavelmente ainda nos deparamos com tal realidade.Vou usar seu texto no próximo encontro pedagógico da minha escola.

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  25. Muito bom difundir sobre a importancia do uso das TIC`s na educação pois por incrivel que pareça ainda encontramos muita resistências no meio educativo. Para muitos ainda ir para a sala de informática é “matar tempo”. É preciso trabalhar para quebrarmos estas barreiras que atrazam a inclusão digital de milhares de pessoas no nosso país.
    Abraços
    Prof Maira Miranda
    http://profmairatarrago@yahoo.com.br

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  26. Professor, parabens
    Acho que vc leu meus pensamentos , estamos montando um texto recontando a dificil aceitação do computador com um aliado na construção do saber,
    Vou usar tambem seu texto para fundamentoar o nosso.
    Obrigado e mais uma vez Parabens!!!
    Professora Multiplicadora marta

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  27. PROFº parabéns pela matéria acima, pois esse assunto é de suma importância para que todos os gestores escolares possam refletir sobre o tema em destaque, e elaborar projetos solicitando aos nossos representantes públicos que invistam recursos financeiros em sala de informática em nossas escolas. Pois, sabemos que ainda existem muitas escolas em nosso país que não são beneficiadas com essa tecnologia “computador”. Enfim, cabe a cada gestor escolar juntamente com os demais profissionais da instituição de ensino cobrar dos governantes soluções que possam solucionar essa deficiência tecnológica em nosso sistema escolar.
    Abraços! Pedagoga Claudia

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  28. JC!
    Mais uma vez parabéns…
    Aqui em nossa escola vc foi parte deste momento de transformação, e acredito que hj nós estamos caminhando bem com o uso das TIC’s…
    Abraço.

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  29. Maravilhoso trabalho colega, parabéns, continui assim, vc é genial. Irei imprimir e distribuir com os professores e tenho ceerteza que irá melhorar bastante a relação professor x laboratório de informática.

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  30. Excelente artigo!! Foi replica-lo por aí pois acho importante que todos os professores assumam que não há como negar a realidade. Há milhares de possibilidades de novas formas de aprendizagem, em qualquer faixa etária e em qualquer área do conhecimento.

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